Os mamíferos (do latim científico Mammalia) constituem uma
classe de animais vertebrados, que se caracterizam pela presença de glândulas
mamárias que, nas fêmeas, produzem leite para alimentação dos filhotes (ou
crias), e a presença de pêlos ou cabelos. São animais endotérmicos (com exceção
do rato-toupeira-pelado) , (ou seja, de temperatura constante, também conhecidos
como "animais de sangue quente"). O cérebro controla a temperatura
corporal e o sistema circulatório, incluindo o coração (com quatro câmaras). Os
mamíferos incluem 5 416 espécies (incluindo os seres humanos), distribuídas em
aproximadamente 1 200 gêneros, 152 famílias e até 46 ordens, de acordo com o
compêndio publicado por Wilson e Reeder (2005). Entretanto novas espécies são
descobertas a cada ano, aumentando esse número; e até o final de 2007, o número
chegava a 5 558 espécies de mamíferos.
Características
O marco inicial para o reconhecimento científico dos
mamíferos como grupo foi a publicação por John Ray (1693) da obra
"Synopsis methodica animalium quadrupedum et serpentini generis".
Onde inclui uma divisão dos animais que possuem sangue, respiram por pulmão,
apresentam dois ventrículos no coração e são vivíparos. Tal definição ainda
hoje se mantem válida, lembrando-se que à época os monotremados não eram
conhecidos. Carolus Linnaeus (1758) com a décima edição do Systema Naturae,
cunha o termo Mammalia para o qual a definição é essencialmente aquela
apresentada por Ray.
Mãe amamentando seus filhotes
E. R. Hall (1981) caracterizou a classe Mammalia como
"sendo especialmente notáveis por possuírem glândulas mamárias que
permitem à fêmea nutrir o filhote recém-nascido com leite; presença de pêlos,
embora confinados aos estágios iniciais de desenvolvimento na maioria dos
cetáceos; ramo horizontal da mandíbula é composto por um único osso; a
mandíbula se articula diretamente com o crânio sem intervenção do osso
quadrado; dois côndilos occipitais; diferindo das aves e répteis por possuírem
diafragma e por terem hemácias anucleadas; lembram as aves e diferem dos
répteis por terem sangue quente, circulação diferenciada completa e quatro
câmaras cardíacas; diferem dos anfíbios e peixes pela presença do âmnio e
alantóide e pela ausência de guelras".
Muitas das características comuns aos mamíferos não aparecem
nos outros animais. Algumas delas, porém, podem ser observadas nas aves – uma
alta taxa metabólica e níveis de atividade ou complexidade de adaptações, como
cuidado pós-natal avançado e vida social, aumento da capacidade sensorial, ou
enorme versatilidade ecológica. Tais características semelhantes nas duas
classes sugerem que tais adaptações são homoplasias, ou seja, se desenvolveram
independentemente em ambos os grupos.
Outras características mamalianas são sinapomorfias dos
amniotas, adaptações partilhadas por causa do ancestral comum. Os amniotas,
grupo que inclui répteis, aves e mamíferos, são vertebrados terrestres cujo
desenvolvimento embrionário acontece sobre proteção de membranas fetais (âmnio,
cório e alantóide). Entres as características herdadas se encontram aumento do
investimento no cuidado das crias, fertilização interna, derivados queratinizados
da pele, rins metanefros com ureter específico, respiração pulmonar avançada, e
o papel decisivo dos ossos dérmicos na morfologia do crânio. Ao mesmo tempo, os
mamíferos compartilham grande número de características com todos os demais
vertebrados, incluindo o plano corpóreo, esqueleto interno, e mecanismos
homeostáticos (incluindo caminhos para regulação neural e hormonal).
Os mamíferos exibem também características exclusivas,
chamadas de autapomorfias. Essas características únicas servem para distinguir
e diagnosticar claramente um táxon. Entre as principais autapomorfias da classe
Mammalia estão:
glândulas mamárias;
lactação/amamentação;
viviparidade obrigatória (exceto nos monotremados);
presença de pêlos;
tegumento rico em várias glândulas;
derivações integumantárias específicas (garras, unhas,
cascos, cornos, chifres, escamas, espinhos, placas dérmicas);
posição e função dos membros são modificados para suportar
modos locomotores específicos;
cintura torácica simplificada;
ossos pélvicos fundidos;
diferenciação regional da coluna vertebral;
crânio bicôndilo;
caixa craniana aumentada;
arcos zigomáticos maciços;
cavidade nasal com labirinto nasoturbinado;
presença de nariz/focinho;
palato ósseo secundário;
coração de quatro câmaras com o arco aórtico esquerdo
persistente;
eritrócitos bicôncavos e anucleados;
pulmões com estrutura alveolar;
diafragma muscular;
órgão vocal na laringe;
três ossículos na orelha média (estribo, bigorna e martelo);
cóclea longa e espiralada (exceto nos monotremados);
meato auditivo longo;
aurículas externas (= orelhas) grandes e móveis;
mandíbula composta por um único osso, o dentário;
junção dentária-escamosal;
presença de um ramo mandibular;
dentes grandes variando em número, forma e função;
heterodontes;
presença de dentes molares;
difiodontes;
cérebro aumentado;
maior atividade e alta versatilidade na função locomotora;
diversidade de vida social;
aumento do espectro de reações comportamentais e suas
interconecções com o aumento da capacidade de aprendizado social e individual e
diferenciação interindividual;
crescimento limitado por fatores hormonais e estruturais;
determinação sexual cromossômica (sistema XY).
"topo" da cadeia evolutiva, possuindo todos os
sistemas completos e reprodução sexuada.
fecundação interna